encarte_janelas_WEB_13_faixas.pdf

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Janelas foi construído durante imersões criativas, só nós 5, por dias no meio do mato, sensíveis
aos caminhos mais intuitivos. Ignoramos o que era por demais obliquo. Tudo maneira de deixar
translúcido suficiente, envidraçado, passível de passagem ou janela aberta simplesmente.
Escrevo isso e sinto o vento do Gandarela me tocando o rosto agora. Lá dentro, na cozinha da
casa pequena, Zé, Gus, T e Rafa riem de alguma coisa enquanto preparam shimejis pra pizza de
mais tarde. A energia desses dias está impressa em tudo que vocês vão escutar agora.
E a ela se somaram Joaquim Izidro, Rodrigo Lana, João Arruda, César Santos e Arthur Damásio,
dando lhe mais musicalidade e profundidade. E finalmente duas pessoas que são janelas pra
mim. Eloise Frota, que me ensinou a ver a arte com seu poder transformador, e Márcio Borges,
responsável por algumas das musicas mais importantes da minha vida, que deixou temporari-
amente seu imortal Clube da Esquina pra emanar poesia no nosso Clube da Montanha.
E por mais que esse trabalho, como todos os outros que fizemos, continue sendo uma bandeira
pelo consumo consciente, o fim da monocultura de eucalipto, o controle da natalidade, a volta
do transporte ferroviário e a redução da devastação causada pela mineração inconsequente, ele
é bem mais do que isso. Aquele que percorrer as páginas que se seguem verá mais ainda sobre
amizade, amor e respeito. Essas são certamente nossas principais bandeiras. Se elas fossem
vividas por todos, não precisaríamos de outras bandeiras.
E também por isso a janela mais importante se deu noutras mãos. Quando a cada nova pessoa
que surgia na nossa lista de apoiadores do cartarse eu sentia uma viga de quartzo atravessando
minha garganta. Estabelecia um nó, eclodia enfermidades no peito. E eu precisei cantar com
muita coragem e com muita alma pra fazer a justiça que julguei necessária. E agora, acontecido
o fato, eu miro a janela e veja os olhos de cada um que pegou na nossa mão pra gente encon-
trar nosso lugar no mundo. Só faz sentido escutar esse disco sabendo que essas 300 pessoas
estão atrás dele acreditando no que fazemos. É para essas janelas.
É delas o Janelas.
Demorei alguns anos para perceber, e depois entender, o
meu interesse atípico pelas janelas. Não as molduras, mas o
vazio, o vão, o pedaço do mundo projetado na parede. Me é
próprio, ao conhecer um lugar, buscar a janela e desconsiderar
todo o resto. Janelas pretendem possibilidades. Projetam
frações do céu e ver fragmentos do céu já é, por si só, uma
boa justificativa pras janelas se definirem protagonistas de
qualquer espaço.
Mas o fato é que certo dia recebi de um amigo uma men-
sagem cujo o conteúdo era “ó, tá quase estiando, janelas...”.
Era um pedido de travessia e nele me vi, pela primeira vez,
como janela de alguma coisa. Surgiu então a canção que
dá nome a esse disco e, depois outras 30, ou mais. Nelas se
acentuou a minha percepção sobre a função de janela que o
Músicas do Espinhaço exerce, interpretando à sua maneira, os
cenários, os povos e as histórias da cordilheira. E aí, não teve
outra maneira desse disco se chamar. Janelas.
1 - Vale Barbado (Bernardo Puhler)
Vou chegar,
tenho as barbas prontas pra poder molhar
exista a babilônia em qualquer lugar
mas encontrar só se dá
com as mãos na terra
Pedra a pedra
ergueu-se a igreja lá no campo limpo
nos altos dos Inhames tem um verde lindo
tudo é canção, inspiração pra vida inteira
E o vale Barbado, se fez em fato e traz no braço um rio negro
que me convida prum prazer tão intenso, pra mim isso é amor
de mim fica o amor
E sobe a serra,
daqui pra lá quase não há outro caminho
não tarda chega a noite e tamo no Waltinho
ô cara bom que vive do que dá no chão
E fecha a mata
caímo numa certa rota de tropeiro
alerta na descida e firma o teu joelho
pra logo prosear com seu Geraldinho no bar
2 - Mão do Sol (Bernardo Puhler)
Um artefato lançado dos deuses
viera dançando distâncias no céu
o vilarejo se assustou de ver
o raio de fogo
dizem os antigos que é mal agouro
mas são os deuses que dizem lá fora
o teu destino te cabe na mão e nó se desfaz
com a força do pensamento
Que é a tua crença que vai dizer,
determinar o teu lugar no mundo
pega na mão do sol e bota fé
pra encontrar o teu lugar no mundo
Falam de agosto o mês do desgosto
para evitar a soleira da escada
e dos poderes que o gato preto tem
mas tudo é nada
No vilarejo a crendice anda solta
como é bonito o folclore orado
guardo o contado
mas deixa morando longe do lugar
de pensar coragem e movimento
3 - O Correr da Vida Embrulha Tudo (Bernardo Puhler)
O correr da vida embrulha tudo
transforma a literatura num saco de pão
e então choveu
melhor ficar em casa
e então choveu
E toda chuva nasce prometendo a estiagem
e só o tempo faz a lapa abrir e permitir passagem
Guarda teu sonho moça, espera
um sonho nunca se desfaz na primeira primavera
se agora o balão voa sem vento
dê o tempo, dê o tempo
dê o tempo
O correr da vida embrulha tudo
transforma a mais bela música num ringtone
mas ninguem te vê
pouco importa a oportunidade do mp3
mas ninguem tê vê
Mas alma da canção resiste tolerante ao formato
e hão de encontrar a arte que insiste em ser verdade
Guarda teu som moço,
espera
um som nunca se
desfaz na primeira
primavera
se agora o balão voa
sem vento
dê o tempo,
dê o tempo
dê o tempo
4 - Namoradeira (Bernardo Puhler)
A namoradeira está ali amparada
na beirada da vida, do queixo
ela diz: antes eu tivesse a querer o mundo
o meu namoro, pouco fruto, é por um bem só
que me deixou só, sonhando na janela
A namoradeira está ali amparada, flor intacta
bela negra pronta a decorar aonde quer que há
a me colonizar, colorida
Ela mira o céu e a ruela
a vida alheia, a currutela
Mas só vê aquele que não lhe vê
ahhh desse jeito nem é direito
mas fica aí, preu te namorar
linda como está, artesanal lugar, Minas...
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