2007-O_Setimo_Selo_-_Jose_Rodrigues_dos_Santos.pdf

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José Rodrigues dos Santos
O Sétimo Selo
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Romance
© José Rodrigues dos Santos/Gradiva — Publicações, L.dã Revisão de texto: Helena Ramos
Capa: foto: © JP Laffont/Sygma/Corbis/VMl
design gráfico: Armando Lopes
Sobrecapa: fotos: © Ralph A. Clevenger/Corbis/VMI (frente)
© Ric Ergenbright/Corbis/VMI (contracapa)
design gráfico: Armando Lopes
Fotocomposição: Gradiva
Impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, L.da Reservados os direitos para Portugal
por: Gradiva — Publicações, L.
gradiva
Editor: Guilherme Valente
À Catarina e à Inês,
e aos filhos que vierem a ter.
Para saberem que tudo fiz
para impedir o que aí vem.
“Eu sou o Primeiro e o Último, o que vive;
conheci a morte, mas eis-Me aqui vivo
pelos séculos dos séculos.
E tenho as chaves da Morte e do Inferno.
Escreve, pois, as coisas que tens visto,
as que são e as que hão-de acontecer
depois destas.”
APOCALIPSE, 1, 8
Aviso
A informação histórica, técnica e científica referenciada neste romance é verdadeira.
Prólogo
Crrrrrrrrrrrr.
“Marambio para McMurdo.” Crrrrrrrrrrr. “Marambio para McMurdo.” Crrrrrrrrrrrr.
O americano de óculos redondos e barba rala grisalha sentou-se diante do rádio e carregou no botão
do intercomunicador, interrompendo momentaneamente o enervante raspar da estática que arranhava
o ar.
“Aqui McMurdo. Fala Dawson. O que é, Marambio?”
Crrrrrrrrrrrr.
“Dawson?”
Crrrrrrrrrrrr.
“Sim, fala Howard Dawson em McMurdo. O que é, Marambio?”
“Aqui Mário Roccatagliatta, do Instituto Antártico Argentino, Divisão Glaciológica, na Base
Marambio.”
“Olá, Mário. Está tudo bem?”
Crrrrrrrrrrrr.
“Não sei.”
Crrrrrrrrrrrr.
“Pode repetir?”
Crrrrrrrrrrrr.
“Não sei se está tudo bem”, disse a voz eléctrica do outro lado, num inglês com forte sotaque
espanhol. “Há uma coisa estranha a acontecer aqui.”
“O que quer dizer com isso, uma coisa estranha?”
“É Larsen B.”
“O que se passa com Larsen B?”
“Está a tremer.”
“A tremer?”
“Sim, Larsen B está a tremer.”
“V está a ter aí um sismo?”
ocê
“Não, não é um sismo. Isto começou há alguns dias e já falei com os meus colegas da Divisão de
Sismologia, em Buenos Aires. Eles dizem que não é um sismo.”
“Então por que razão está Larsen B a tremer?”
“Não tenho a certeza. Mas começaram a aparecer rachas e fissuras no gelo.”
“Rachas e fissuras no gelo? Isso não é possível! A plataforma tem mais de duzentos metros de
espessura de gelo.”
“Mas estamos a ver rachas e fissuras no gelo e a registar tremores em toda a plataforma.”
“E vocês têm alguma explicação para isso?”
Crrrrrrrrrrrr.
“Temos.”
“Então?”
“Receio que você não vá acreditar na nossa explicação.”
“Dispare.”
“Larsen B está a desfazer-se.”
Crrrrrrrrrrrr.
“Perdão?”
“Larsen B está a desfazer-se.”
Crrrrrrrrrrrr.
“A plataforma está a desfazer-se?”
“Sim, está a desfazer-se.”
“Mas isso não é possível! Larsen B existe desde a última grande glaciação, há doze mil anos. Uma
plataforma de gelo tão grande e tão antiga não se desfaz assim sem mais nem menos.”
Crrrrrrrrrrrr.
“Nós sabemos. Mas está a desfazer-se.”
O corpo franzino e nervoso de Brad Radzinski irrompeu pelo Crary Science and Engineering Center
com uma pasta na mão. Radzinski tirou o casaco e, depois de o pendurar num cabide da entrada,
dirigiu-se apressadamente ao gabinete do director. A porta estava fechada e ostentava uma placa
metálica a identificar o seu anfitrião.
S-001 DAWSON
O S era de Science e o 001 identificava a posição hierárquica do seu locatário.
Radzinski bateu à porta com impaciência e, quase sem esperar, entrou.
“Posso?”
“Hi, Brad”, cumprimentou Howard Dawson, sentado à secretária a despachar papéis.
“Já tens novidades?”
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